Obesidade nas Crianças
Crianças com excesso de peso são obesas segundo modelo da OMS
Algumas crianças entre os dois e os cinco anos classificadas com excesso de peso pelas curvas de crescimento usadas em Portugal já seriam consideradas obesas se fossem avaliadas pelos novos critérios da Organização Mundial de Saúde.
Portugal utiliza tabelas de curvas do crescimento - que definem o crescimento do peso e do comprimento/estatura das crianças e adolescentes e constam do boletim dado aos pais logo após o nascimento da criança - que foram consideradas «inadequadas» pela OMS.
António Guerra, pediatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, debruça-se há anos sobre esta matéria e escreveu recentemente um artigo na Acta Pediátrica Portuguesa em que defende a adopção das novas curvas da OMS pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
O especialista destaca, nas novas curvas, a possibilidade de se monitorizar logo desde o nascimento a evolução do Índice de Massa Corporal (IMC), consensualmente aceite como um excelente índice nutricional para o diagnóstico de excesso de peso e da obesidade.
Em Portugal, esse registo só é possível após os dois anos, embora o período anterior corresponda a uma fase de «grande vulnerabilidade à ocorrência de adiposidade excessiva», disse.
Para António Guerra, com as actuais curvas, há «o risco de serem caracterizadas como portadoras de excesso de peso crianças pré-escolares que já são obesas e como eutróficas (normal estado de nutrição) crianças já portadoras de excesso de peso».
«A prevenção da obesidade é monitorizada com mais rigor com as novas curvas da OMS», sublinha o pediatra.
Um aspecto «determinante» nas novas curvas prende-se com o facto de «as curvas da OMS terem sido construídas com base na avaliação do estado de nutrição de lactentes alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros quatro a seis meses de vida».
Recordando que o leite materno é reconhecido cientificamente como «o melhor alimento», António Guerra afirmou que «as crianças com leite materno crescem de modo diferente das que são alimentadas com leite artificial e têm marcadores metabólicos distintos, sobretudo no primeiro ano de vida».
Por esta razão, «o que faz sentido é usar curvas de crianças que foram alimentadas com leite materno», defendeu, tal como é preconizado no novo modelo.
«As crianças que são alimentadas com leite natural aumentam mais de peso nos primeiros três a quatro meses de vida e depois têm, quando comparadas com as curvas actuais, uma falsa desaceleração».
Esta desaceleração pode ser interpretada como devida à baixa produção de leite da mãe, «levando a um início precoce da diversificação alimentar ou a uma desnecessária suplementação com leite industrial», explicou.
«As duas situações associam-se a um maior risco de obesidade», sublinhou.
No seu artigo na Acta Pediátrica Portuguesa, António Guerra é peremptório: «As novas curvas da OMS são da maior relevância para uma avaliação mais correcta do crescimento e constituem assim um precioso instrumento para a monitorização do estado de saúde e de nutrição do lactente e da criança com implicações a longo prazo no estado de saúde das populações».
Contactada pela agência Lusa, a pediatra Leonor Sassetti, consultora da Direcção-Geral da Saúde (DGS), disse que este organismo está «atento» à questão e a reunir elementos para «tomar uma decisão adequada» em relação às novas curvas da OMS.
Escusando-se a revelar se Portugal está inclinado para a adopção do novo modelo, Leonor Sassetti sublinhou que «o importante é usar as curvas» de crescimento.
«É melhor usar curvas não tão boas do que não usar nenhumas», afirmou, reforçando a ideia: «Ter umas curvas adequadas é importante, mas usá-las ainda é melhor».
Crianças com excesso de peso são obesas segundo modelo da OMS
Algumas crianças entre os dois e os cinco anos classificadas com excesso de peso pelas curvas de crescimento usadas em Portugal já seriam consideradas obesas se fossem avaliadas pelos novos critérios da Organização Mundial de Saúde.
Portugal utiliza tabelas de curvas do crescimento - que definem o crescimento do peso e do comprimento/estatura das crianças e adolescentes e constam do boletim dado aos pais logo após o nascimento da criança - que foram consideradas «inadequadas» pela OMS.
António Guerra, pediatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, debruça-se há anos sobre esta matéria e escreveu recentemente um artigo na Acta Pediátrica Portuguesa em que defende a adopção das novas curvas da OMS pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
O especialista destaca, nas novas curvas, a possibilidade de se monitorizar logo desde o nascimento a evolução do Índice de Massa Corporal (IMC), consensualmente aceite como um excelente índice nutricional para o diagnóstico de excesso de peso e da obesidade.
Em Portugal, esse registo só é possível após os dois anos, embora o período anterior corresponda a uma fase de «grande vulnerabilidade à ocorrência de adiposidade excessiva», disse.
Para António Guerra, com as actuais curvas, há «o risco de serem caracterizadas como portadoras de excesso de peso crianças pré-escolares que já são obesas e como eutróficas (normal estado de nutrição) crianças já portadoras de excesso de peso».
«A prevenção da obesidade é monitorizada com mais rigor com as novas curvas da OMS», sublinha o pediatra.
Um aspecto «determinante» nas novas curvas prende-se com o facto de «as curvas da OMS terem sido construídas com base na avaliação do estado de nutrição de lactentes alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros quatro a seis meses de vida».
Recordando que o leite materno é reconhecido cientificamente como «o melhor alimento», António Guerra afirmou que «as crianças com leite materno crescem de modo diferente das que são alimentadas com leite artificial e têm marcadores metabólicos distintos, sobretudo no primeiro ano de vida».
Por esta razão, «o que faz sentido é usar curvas de crianças que foram alimentadas com leite materno», defendeu, tal como é preconizado no novo modelo.
«As crianças que são alimentadas com leite natural aumentam mais de peso nos primeiros três a quatro meses de vida e depois têm, quando comparadas com as curvas actuais, uma falsa desaceleração».
Esta desaceleração pode ser interpretada como devida à baixa produção de leite da mãe, «levando a um início precoce da diversificação alimentar ou a uma desnecessária suplementação com leite industrial», explicou.
«As duas situações associam-se a um maior risco de obesidade», sublinhou.
No seu artigo na Acta Pediátrica Portuguesa, António Guerra é peremptório: «As novas curvas da OMS são da maior relevância para uma avaliação mais correcta do crescimento e constituem assim um precioso instrumento para a monitorização do estado de saúde e de nutrição do lactente e da criança com implicações a longo prazo no estado de saúde das populações».
Contactada pela agência Lusa, a pediatra Leonor Sassetti, consultora da Direcção-Geral da Saúde (DGS), disse que este organismo está «atento» à questão e a reunir elementos para «tomar uma decisão adequada» em relação às novas curvas da OMS.
Escusando-se a revelar se Portugal está inclinado para a adopção do novo modelo, Leonor Sassetti sublinhou que «o importante é usar as curvas» de crescimento.
«É melhor usar curvas não tão boas do que não usar nenhumas», afirmou, reforçando a ideia: «Ter umas curvas adequadas é importante, mas usá-las ainda é melhor».